Artigo de Dom Aldo para o Jornal da Paraíba (25/06/2011 )
Vivemos no Estado laico, republicano, democrático, de direito e de fato. Humanistas e cristãos que acreditam na instituição familiar e vivem intensamente os relacionamentos heterossexuais, em conformidade com as leis naturais e os mandamentos divinos, são taxados de preconceituosos, intolerantes, opressores.
Recentemente o STF comparou a união de um casal homossexual à instituição familiar, ao declarar como legítima e conforme a Constituição Federal. Entendeu ainda o STF que a marcha da maconha expressa liberdade de pensamento, não importando necessariamente numa apologia ao uso da droga.
Ora, liberdade de expressão baseada em conceitos antropológicos ambíguos labora em erro. Não passa de uma ideologia. A nova ética não se baseia em conceitos universais, mas na situação do momento. Para exemplificar a nova ética percebamos as estratégias utilizadas por grupos de pressão que reivindicam o uso da maconha. Argumento deles? “Todo mundo usa... o jeito é comercializar”. Chamam isso de descriminalização.
Por trás da reivindicação de liberdade de expressão dos grupos de pressão está a mentalidade mercantilista da vida. As pessoas valem pelo que consomem, reduzidas a usuárias. Se usuários têm “direito” de fumar, o traficante tem direito de lhes vender droga. Marchas da maconha visam a liberação e comercialização da droga. Quem os patrocina?
A maconha causa dependência. É uma das portas de ingresso para outras drogas, vitais para o narcotráfico que alimenta a criminalidade e violência. Grupos de pressão utilizarão sempre mais o mote “liberdade de expressão” para defender (pseudo) direitos, julgando-se acima da verdade e do bom senso.
Muitos valores humanos consubstanciam-se nas leis e diretrizes constitucionais, protetoras da vida, da família, das instituições e do próprio Estado. Nessa contramão há grupos de pressão vinculados ao narcotráfico, tentando conquistar um poder paralelo ao do Estado, expondo ao escárnio a governabilidade, legítima e democraticamente constituída. O narcotráfico movimenta bilhões. Sua meta é a conquista do poder paralelo.
Para que o narcotráfico estabeleça-se a condição fundamental é desestabilizar os governos, corromper as instituições e desmoralizá-las, desequilibrar a ordem social, desmantelar as relações familiares. De que lado você fica? Da família, do desenvolvimento da nação pela inclusão social ou do lado de mera ideologia?
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba
Arcebispo da Paraíba